sexta-feira, 11 de março de 2011

Como Treinar - Parte I

O rendimento desportivo, para além dos parâmetros genéticos, é fruto do processo de treino.

O processo de treino desportivo e os distintos meios de treino aplicados, promovem alterações fisiológicas que permitem ao atleta aumentar os seus níveis físicos.

Assim, torna-se importante controlar os efeitos que cada sessão de treino promove no organismo do atleta, bem como avaliar a magnitude dos ganhos desportivos promovidos por cada plano de treinos.

O processo de treino deve ser controlado em duas vertentes: a) implicações diárias do treino; b) incremento das capacidades motoras mais influentes.

Implicações diárias

Aqui é importante controlar a carga de treino (duração e intensidade da carga), assim como a reacção do organismo à carga (durante e pós-exercício).

No ciclismo, a intensidade da carga é facilmente monitorizada através de um cardiofrequencímetro. À excepção dos esforços de duração inferior a 1min, a FCardíaca, embora influenciável por diversos parâmetros como temperatura e stress, é um bom indicador da intensidade da carga.

A reacção do organismo à carga, é verificável através da qualidade do sono, da FCrepouso na manhã seguinte ao treino, do peso na manhã seguinte ao treino e da sensação de fadiga na manhã seguinte ao treino.

Os dados referentes às implicações diárias do treino deverão ser registadas num “diários de treinos”. No diário de treinos deverá constar o máximo de informação que o atleta consiga verificar durante os treinos (FCardíaca máxima, média e mínima; cadência de pedalada máxima e média; Km’s percorridos; tempo total de treino; desnível acumulado; tempo em cada zona cardíaca de treino, etc.), e as reacções fisiológicas ao treino (peso, % massa gorda, horas de sono, qualidade de sono, pressão arterial, FC repouso, etc.).



O controlo e avaliação do Incremento das capacidades motoras mais influentes

Este é possível através da realização de testes de esforço (testes de campo e testes físico-desportivos).
Os testes de campo, são testes mais próximos do contexto real de competição, mais fáceis de aplicar e de interpretar. Contudo, reflectem dificuldades de medição de determinadas variáveis fisiológicas e uma menor precisão de avaliação.
Os testes de campo deverão conseguir avaliar de uma forma simples as principais capacidades motoras implicadas. Segundo Bartoli e Fagioli (1998): BTT XCM – resistência, força-resistência (potência aeróbia), força, velocidade-resistência (capacidade anaeróbia láctica), potência; BTT XC – força, força-resistência (capacidade anaeróbia láctica), resistência, potência; BTT DH e 4X – potência, força, resistência, força-resistência (potência aeróbia).
Os testes de campo deverão ser realizados de forma sistemática, a fim de comparar os valores obtidos. Os dados a obter são de fácil medição: distância percorrida, tempo necessário para percorrer distância, valores de Fcardíaca, valores de cadência de pedalada, etc.
A comparação dos valores obtidos em cada teste permitirá verificar a existência, ou ausência, de melhorias das capacidades motoras.
Exemplos de testes de campo: “teste de 5km”, “subida de 1km”, “teste de 30min”, etc. (nota: a duração e intensidade dos testes devem reflectir as capacidades a avaliar).

Os testes físico-desportivos, são testes mais direccionados à avaliação dos parâmetros fisiológicos, garantindo uma medição precisa e objectiva. Os dados mais avaliados nestes testes, são o consumo máximo de oxigénio (VO2máx) e valores de lactatémia a diferentes intensidades.
Tanto o valor de VO2máx, como o da concentração de ácido láctico no limiar anaeróbio são valores que predictores da capacidade de rendimento e através dos quais se podem estabelecer as zonas cardíacas de treino.
Existem diferentes protocolos para determinar os valores do VO2máx e da concentração de ácido láctico, mas todos se baseiam em testes com aumento progressivo de cargas (watts).
Os testes físico-desportivos são realizados em centros físico-desportivos e centros de medicina desportiva.


EXEMPLO DE UM TREINO

Para 6 dias de treino semanais, baseado só na utilização da bicicleta:

2ªf - treino suave em plano para recuperação (<60%FCmáx)
3ªf - treino aeróbio com variação de FC entre as 70 e 85%Fcmáx
4ªf - treino com subidas a "pedalar pesado" (60 a 75rpm de cadência). nas subidas manter a FC entre 88 e 92%Fcmáx
5ªf - igual a 2ªf
6ªf - descanso
sáb - treino técnico de btt entre 60 e 85%FCmáx
dom - prova ou treino com acentuada dificuldade técnica e física.

Quanto á alimentação o mais importante é fornecer alimentos ricos em hidratos de carbono de índice glicémico moderado e lento